Dez anos depois, A Cartilha está de volta.

17/12/2009

'Como é que Fazem?'

«O Bloco de Esquerda tem elevadas preocupações de justiça e equidade e quer fazer um mundo perfeito. A questão é: como?
O conde de Romanones era uma das maiores fortunas de Espanha. Um seu amigo, homem com preocupações sociais, passava o tempo a dizer-lhe que era uma vergonha ser rico assim, havendo tanta miséria em Espanha, que devia fazer alguma coisa. Um dia, farto, Romanones respondeu-lhe:
- Quanto achas que vale a minha fortuna?
- Não sei, para aí uns cem milhões de pesetas!
- E quantos espanhóis é que há?
- Para aí uns vinte milhões!
- Então quanto calha a cada um?
- Cinco pesetas!
O Conde tirou do bolso uma moeda de um duro e deu-a ao amigo,
- Pois toma lá a tua parte e não me maces mais!
Outra história, da guerra civil de 1936-1939: uns trabalhadores anarquistas ocuparam uma empresa dos arredores de Valência, entraram pelo gabinete do patrão armados e exigiram-lhe o capital social da empresa. O patrão tinha a consciência tranquila, pagava salários justos, tratava bem o pessoal; pedagogicamente, explicou-lhes o conceito de capital social, acrescentando, claro, que não era coisa que tivesse ali com ele. Mas eles insistiram e mandaram-no abrir o cofre-forte, no qual estariam os cobiçados milhares do capital social. O patrão fez-lhes a vontade e entregou-lhes o dinheiro. Os trabalhadores contaram-no mas verificaram que ainda faltava muito para o capital social. Outra vez o pobre rico, já menos seguro, lhes explicou a teoria geral contabilística e o absurdo de esperar que o capital da empresa estivesse ali, fisicamente, em cash. Talvez por ser "bom patrão", não o humilharam com um julgamento popular. Mataram-no ali mesmo.

Estas histórias saltaram-me à memória com os planos económicos do BE, nomeadamente com a ideia de pagar a Segurança Social com um imposto sobre as grandes fortunas!»


Jaime Nogueira Pinto, O Futuro Presente, 26-Set-2009

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