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26/12/2009

Acabar com o Antigo Dia de Portugal

Para combater a crise a Associação Empresarial de Portugal (AEP) propõe que se reduza o número de feriados em Portugal. O primeiro que propõe extinguir é o 1 de Dezembro, que celebra a autonomia face a Espanha.
Correio da Manhã



Portugal possuiu 17 feriados, entre religiosos e seculares, tantos como a Coreia do Sul e a Formosa. Possiu menos dois que o Japão (19) e mais dois que a Finlândia (15). Ao contrário do que se tentar transmitir, Portugal não tem excesso de feriados quando comparado com países desenvolvidos.

Acontece que em Portugal produz-se pouco e mal, e atendendo ao fraco aparelho produtivo nacional, é legítimo pensar em aumentar os dias de trabalho, tal como em diminuir regalias populistas não sustentáveis.

Até 1910 e à implementação do 10 de Junho como feriado nacional do Dia de Portugal, que antes já era de Camões (comemorado por republicanos desde a década de 80 do século XIX), e depois foi da Raça e das Comunidades, o Dia de Portugal era o 1º de Dezembro. Isto de 1640 até 1910. Com as três repúblicas, o 1º de Dezembro passou a ser apenas o Dia da Restauração.

Dos 17 feriados que celebramos, alguns estão desactualizados e outros perderam a simbologia: o 25 de Abril, que implicou dar dois passos atrás antes que se pudesse dar um em frente, e aspirava a um socialismo que (felizmente) não se cumpriu; o 1º de Maio que apenas interessa às fileiras do PCP e à sua testa de ferro CGTP, mortas, veladas e enterradas que estão a teorias de luta de classes; o Carnaval que perdeu a festividade pagã para ser uma festa como tantas outras; o 10 de Junho que pode ser comemorado no 1º de Dezembro; o 5 de Outubro que destoa num país que sempre foi Reino e onde a República nunca foi referendada nem celebrada pelo povo, ao contrário da coroa (lembremos o casamento de D. Duarte Pio de Bragança). Porque não acabar com estes feriados?

O 1º de Dezembro, apesar de esquecido pela máquina estatal e pelo sistema de ensino a retalho, tem a função de relembrar a independência da única nação ibérica que sobreviveu ao jugo de Bourbons e Habsburgos. Um acontecimento comparável à batalha de Ourique (25 de Julho de 1139) ou de Aljubarrota (14 de Agosto de 1385).

Se Ourique e Aljubarrota não se comemoram, também não é necessário eleva-los - o Dia da Restauração preenche idêntica simbologia.

Por isso, e caso se pretenda continuar a conservar a independência nacional, já ameaçada pela aculturação linguistica e influência económica pelo reino vizinho, é do maior interesse preservar e até elevar o 1º de Dezembro - Dia de Portugal e da Restauração!

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