«Acabei de ouvir na TV que as defensoras da ‘igualdade’ e do tão alegado ‘avanço civilizacional’ tão desejado pela esquerda governamental e frentista, garantiam os próprios, eram, afinal… actrizes, pagas (sic) para desempenhar a função de jovens ardorosas lutadoras pelos direitos humanos e etc.!
Não houve nenhum putativo ‘casal’ de lésbicas que se prestasse a este papelão defronte do Parlamento. Ausência bem sintomática da fraude social e política que ontem ocorreu, certamente.»
Carlos Abreu Amorim, Blasfémias, 9-Jan-2010
Nota d'ACartilha: segundo uma das envolvidas e ao contrário do que se publicitou inicialmente, a actriz Joana Manuel não foi paga. É também heterossexual, estando nesta causa apenas como activista. Aqui fica a correcção. Para mais informação ver resposta da própria nos comentários ao post.
09/01/2010
A Polémica do Beijo
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Chamo-me Joana Manuel. Sou actriz de profissão, é verdade, ao contrário da minha amiga e companheira activista Raquel Freire, que é realizadora de cinema e nada obscura como tal. Não estive em frente à AR como actriz, mas como activista. Sou —ou estou— heterossexual, é verdade, mas isso é do meu foro privado. Do meu foro público é a cidadania e a luta por uma sociedade mais democrática e mais igual. Esta luta é tão minha como de qualquer lésbica, e ir para a cama com homens não me retira o direito de dar a cara por aquilo em que acredito. Não admito essa discriminação.
Toda a gente fala da minha heterossexualidade como se os jornalistas tivessem descoberto um facto extraordinário e obscuro. Não descobriram, ele nunca foi escondido, nem na acção original dos casamentos encenados, em Outubro de 2008. Sabem que não sou lésbica porque eu o disse. A luta é minha porque os homossexuais deste país são meus concidadãos e eu respeito-os e defendo-os como tal. Ao fazê-lo estou a defender-me a mim. Eu sou eles. Eles são parte do meu nós.
A acção foi planeada de véspera, a Raquel propôs-se a dar a cara e eu fui a primeira pessoa para quem ela telefonou. Somos amigas, foi um gesto natural. Nenhuma outra mulher se recusou porque a nenhuma outra mulher foi proposto, tão simples como isto. Para nós é absolutamente irrelevante a orientação sexual [a minha, digo, é a oeste, porque gosto particularmente dos Açores]. Pelos vistos há pessoas que não entendem muito bem o que é a cidadania. Mas como dizia Brecht, depois de levarem os ciganos, os judeus, os pretos, os homossexuais, os comunistas, talvez levem essas mesmas pessoas e elas comecem a perceber do que falo.
Ninguém me contratou. Ninguém me pagou. Assumi uma luta que é minha e dei a cara por ela porque se proporcionou. E orgulho-me disso. Espero que tenha sido clara.
Joana Manuel
Enviar um comentário