"É imperioso, no tempo que vivemos, afirmar o primado da cidadania sobre a lógica dos interesses, dos egoísmos e da indiferença.Esta é a cidade de um grande escritor português, Manuel Teixeira Gomes. Um poeta da palavra, um artista que foi Presidente da República e que, sendo Presidente, nunca deixou de ser artista. E acima de tudo um cidadão que nos deixou uma lição de ética e de sentido estético da vida.Neste ano em que se comemora o Centenário da República, voltamos a precisar desse rigor ético navida privada e na vida pública. E também de algo que vá para além do discurso cíclico sobre as contas públicas."
Manuel Alegre, no discurso de Portimão
Algre quer unir a esquerda, progressista e modernista, contra os reaccionários conservadores de Cavaco. A fórmula é simplista, usar o moderno (bom) contra o velho (mau). Como fizeram liberais em 20, republicanos em 10, socialistas em 74, sempre com resultados desastrosos diga-se. Porque o velho também pode ser bom.
Alegre compara-se com Manuel Teixeira Gomes, presidente eleito ditatorialmente pelo Partido Democrata, na ressaca da moderna e progressista Noite Sangrenta, à boa maneira do Estado Novo pós General Coca-Cola. Ambos têm em comum não terem profissão conhecida, mas terem vocação para a poesia. De Manuel Teixeira Gomes diziam que era pederasta (João Chagas), outros dizem hoje que era pedófilo (VPV). Renunciou passado dois anos de presidência, tempo que deu para ver oito governos desgovernarem Portugal. E abrir caminho para a descida de Costa Gomes. Bendito.
Alegre fala de Ética como se essa fosse monopólio da república, e como se ele, parte da república como é, fosse fonte de ética. Ora nem a república tem mais ética que a monarquia, nem Alegre tem qualquer qualidade para aspirar a ser algum dia um Homem Raro. Qual é a ética de quem não conhece o mundo do trabalho à excepção de três meses como coordenador de programas de texto da RDP, de onde recebe mais de três mil euros de reforma. Será isso ética? Qual é a ética de quem como secretário de estado da comunicação social mandou encerrar publicações, entre elas o Século. Será essa liberdade de imprensa, ética? Qual é a ética de quem não completou o serviço militar, tendo ainda por cima desertado. Ser um Desertor, é ético? É ético, pela ceguez ideológica, escrever numa constituição que pretende «abrir caminho para uma sociedade socialista», num país católico e conservador onde o socialismo representa a ideologia de uma minoria localizada e Portugal uma maioria transversal. Que ética é esta? É a falta de moral.
Alegre conheceu a Argélia durante dez anos, onde foi um desertor transformado em locutor de rádio. Lutava pelo socialismo, contra a Segunda República do Estado Novo. E ganhou. Manuel Teixeira Gomes perdeu, e autoexilou-se, também na Argélia, onde morreu. Terra de bom gás natural, mas de homens malditos.
16/01/2010
Manuel Teixeira Gomes, Ética e Argélia
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário