Dez anos depois, A Cartilha está de volta.

31/01/2010

Cancro Sindical

Depois de a ministra da Saúde, Ana Jorge, ter proposto um aumento para os 1200 euros para o início da carreira dos enfermeiros, o sindicalista José Carlos Martins disse que ainda não recebeu essa proposta, que considera «um bom princípio» para as negociações.

O presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses lembrou que os enfermeiros apresentaram em Setembro do ano passado uma proposta para os 1500 euros para o início da carreira, recusando-se a dizer se para já a classe pensa aceitar os 1200 euros propostos pelo Executivo.
TSF



É díficl para os terráqueos compreender o que se passa no planeta sindical. A luta dos enfermeiros em defesa dos interesses da classe torna-se rídicula quando comparada com os interesses da nação, a situação das contas públicas, a crise estrutural, a Grande Recessão, e o estatuto da classe.

Manipulados por uma intersindical que aproveita o descontentamento de uma classe constituida na sua maioria por ex-aspirantes a médicos falhados nos seus intentos, nem o facto do país estar com um pé para a bancarrota e em vias-de-facto de reduzir as avenças do funcionalismo público, parece demover as exigências alienigenas. Perturbante que, seres supostamente instruidos e licenciados superiormente, pequem com irresponsáveis propostas e pactuem com aparelhos politico-partidários.

Nos serviços de saúde, como em todos, a hierarquização é fundamental para existir organização. Nestes, a enfermagem encontra-se subordinada à classe médica e acima dos auxiliares. Ora pedir equiparação salarial aos médicos é um non-sense e um perigo para o bom funcionamento dos serviços. Ainda, não é verdade que temos excesso de enfermeiros, e que, inclusivé, os exportamos? Acontece que temos mais enfermeiros que aqueles que precisamos. Assim, a tendência salarial natural seria a da descida dos salários, e não a subida como pedem os sindicatos e como acontece quando a mão-de-obra é escassa. Convém recordar que, ainda há bem pouco tempo, o curso de enfermagem era ministrado como um curso profissional equivalente ao secundário. Para dar injecções, distribuir medicação ou fazer cuidados de higiene não consta que seja preciso um curso superior. É aliás comum, ouvir médicos dizerem que a licenciatura na enfermagem foi uma arma para atingir e pressionar a classe médica.

Mas de volta ao planeta terra e aos seus problemas, deparamo-nos com sindicatos alienigenas, que compulsivamente objectam todas as formas de concertação social em que a soma não seja favorável aos seus interesses políticos. Ou seja, o interessa colectivo é sempre relegado para segundo plano, mesmo que o risco moral recaia para os cidadãos-contribuintes. Com este cancro sindical, é o equilibrio do regime e do estado-providência que estão em causa.

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