"Lula e Obama não ganhariam em Portugal"
Os estudos de opinião são importantes, mas elas variam muito, hoje pode estar-se numa posição e uma notícia pode mudar as coisas. A relação do marketing político com a imprensa … quem faz, de facto, a imagem do candidato é apenas a estratégia, é a relação com a imprensa, ou a força da imprensa sobretudo?
(...)eu descobri que na campanha em Portugal a média é muito ponderada, a brasileira não. É um bem e um mal, ela é muito denuncista, futucam se o filho do irmão do primo fez alguma coisa errada e sai na manchete. Acontece que esses excessos prejudicaram a credibilidade. Depois da grande mágica que é a televisão, porque o candidato aí não precisa de intermediário … em Portugal me perguntaram, e é difícil dar palpites no país dos outros, pode-se ser indelicado, mas eu sou muito franco e muitas vezes me ferro por causa disso, mas eu disse a eles que a campanha em Portugal, para mim, é sem sal. Vi uma campanha para a eleição autárquica que não teve um debate … o voto já não é obrigatório, a campanha não vai para a televisão, e não tem nenhum debate? É que nem copa de mundo sem televisão. Imagine uma copa do mundo sem televisão e sem rádio, … o povo não se mobilizaria.
A campanha tem de ser uma festa, é preciso participar, ouvir os candidatos, interagir, isso é a força da democracia.
Eu acho que em Portugal o Lula não seria eleito, nem o Obama. Porque aí, de alguma forma, é a imprensa, a média que diz o que acha.
"Os pobres"
E o botão mágico, na política, é o pobre?
O pobre. E o segredo a massificação Eu nem diria o pobre, diria as camadas que mais precisam. Porque para o rico dane-se o sistema. O rico é sempre o rico e o pobre é sempre o pobre. A classe média é que pode oscilar um pouco para cima e para baixo, mas o rico é sempre o rico e qualquer problema ele viaja para outra parte do mundo e continua rico. O pobre que aguente as consequências, não pode viajar e sofre.
"O coração"
Numa campanha política, entre a promoção do homem e da ideia, o que é mais difícil de trabalhar?
Eu diria que o mais difícil, no meu caso, é o candidato. Precisamos ter uma empatia. Eu preciso gostar dele, admira-lo, e ele gostar de mim. Acho que isso é fundamental para tocar o meu coração
E para um homem que não fez obra?
Teve a oportunidade e não fez programas sociais, não fez obra … Temos dois exemplos típicos. Dois homens que não tinham feito obra e que tinham mensagens sociais importantes, mas que também suscitavam muitas dúvidas, Lula e Obama.
Sem dúvida, mas aí é o que eu digo, tinha uma coisa chamada esperança. E se os países estivessem satisfeitos com os seus governantes, eles seguramente não teriam espaço …
Entrevista de José Eduardo Cavalcanti Mendonça, O País.
06/11/2009
Marketing Político - José Eduardo Cavalcanti Mendonça
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