Que tem Adolph Eichmann a ver com António de Almeida Santos? Descubra as diferenças:
Almeida Santos, deputado, ex-ministro, presidente do Partido Socialista, membro de grau máximo da Maçonaria, antiga segunda figura de Estado, condecorado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, vive sem pesos na consciência [1] com uma reforma mensal de 4400 euros, e é o autor do que se convencionou chamar de Descolonização Exemplar.
Responsável pela morte de 5 mil militares portugueses[2] durante a descolonização (1974-76), pelo genocídio de milhares de soldados africanos que lutaram pela pátria portuguesa[3], pela ruína económica, financeira e social, ainda de valores incálculaveis, de meio milhão de retornados, e por outros milhões de vítimas indirectas, provenientes das guerras cívis e da miséria em que cairam as antigas províncias de Angola, Guiné e Moçambique após a independência.[4] Mas a justiça vermelha instalada pelo 25 de Abril esqueceu-se, deliberadamente, de o julgar.
Karl Adolf Eichmann, oficial alemão do corpo SS, foi encarregado da logística dos campos de concentração e reservas judias, onde para além de Judeus foram colocados terroristas comunistas, homossexuais e ciganos. Acusado de crimes diversos, foi capturado em 1960, numa fantástica operação levada a cabo pelos serviços secretos israelitas na Argentina, país onde se tinha refugiado.
Uma vez acusado de crimes relacionados com a Shoah, foi julgado, condenado, e acabou por ser executado em Israel em 1962. Um acto a que Hanna Arendt chamou de banalização do mal, e inumano. No seu livro Eichmann in Jerusalem: A Report on the Banality of Evil, (1963) a politóloga americana de origem judaica, crítica a decisão israelita, uma vez que Eichmann não passava de um mero burocrata, um administrador, sujeito às ordens de superiores, constrangido pelas leis em vigor e pelo dever da pátria.
Eichmann, um peão burocrático na hierarquia do poder alemão, foi julgado e condenado à morte. Almeida Santos, agiu por vontade própria, contra os interesses do seu próprio país, contra os valores, moral e ética do homem de bem, em nome do interesse pessoal e da sede de poder. A História os Julgará.
[1]http://dn.sapo.pt/2005/10/19/internacional/quem_aplaudiu_salazar_culpas_descolo.html
[2]Tendo em 10 mil o número dos soldados e marinheiros portugueses tombados em Àfrica, e tendo em conta que Almeida Santos considera nesta entrevista que metade dos mortos deram-se no pós 25 de abril, chega-se ao número de 5 mil, o dos militares mortos durante a descolonização. Ver: http://dn.sapo.pt/2005/10/19/internacional/quem_aplaudiu_salazar_culpas_descolo.html
[3]ver Guerra, Paz e o Fuzilamento dos Guerreiros, de Coronel Manuel Amaro da Costa, 2006
[4]ver Holocausto em Angola, de Américo Cardoso Botelho, 2008
15/04/2008
Descubra as Diferenças
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