Dez anos depois, A Cartilha está de volta.

21/05/2009

Leituras


"Rui Mateus no seu livro, Memórias de um PS desconhecido (D. Quixote 1996), descreve extensivamente os mecanismos de financiamento partidário, incluindo o uso de contas em off shore... para onde eram remetidas avultadas entregas em dinheiro vivo."
Mário Crespo, Jornal de Notícias, 2009-05-11

"Além da brigada do reumático que é agora a sua comissão, outra faceta distingue esta candidatura de Mário Soares a Belém das anteriores: surge após a edição de Contos Proíbidos - Memórias de um PS Desconhecido, do seu ex-companheiro de partido Rui Mateus. O livro, que noutra democracia europeia daria escândalo e inquérito judicial, veio a público nos últimos meses do segundo mandato presidencial de Soares e foi ignorado pelos poderes da República. Em síntese, que diz Mateus ? Que, após ganhar as primeiras presidenciais, em 1986, Soares fundou com alguns amigos políticos um grupo empresarial destinado a usar os fundos financeiros remanescentes da campanha. Que a esse grupo competia canalizar apoios monetários antes dirigidos ao PS tanto mais que Soares detestava quem lhe sucedeu no partido, Vitor Constâncio (um anti-soarista), e procurava uma dócil alternativa a essa liderança. Que um dos objectivos da recolha de dinheiros era financiar a reeleição de Soares. Que, não podendo presidir ao grupo por razões óbvias, Soares colocou os amigos como testas-de-ferro, embora reunisse amiúde com eles para orientar a estratégia das empresas, tanto em Belém como nas suas residências particulares. Que, no exercício do seu "magistério de influência" (palavras suas, noutro contexto), convocou alguns magnatas internacionais - Rupert Murdoch, Silvio Berlusconi, Robert Maxwell e Stanley Ho - para o visitarem na Presidência da República e se associarem ao grupo, a troco de avultadas quantias que pagariam para facilitaçãodos seus investimentos em Portugal. Note-se que o "Presidente de todos os portugueses" não convidou os empresários a investir na economia nacional, mas apenas no seu grupo, apesar de os contribuintes suportarem despeesas de estada."
Joaquim Vieira, Grande Reportagem, nº243, semana de 3 a 9 de Setembro de 2005


Consegui comprar recentemente o incómodo livro que fez com que Rui Mateus, o seu autor e fundador do Partido Socialista, fosse declarado persona non grata em Portugal e viesse a emigrar para os Estados Unidos. Joaquim Vieira, jornalista e director da revista Grande Reportagem, após ter feito um trabalho de investigação sobre os factos referidos no livro, foi despedido e a Grande Reportagem encerrada. Mário Soares jamais comentaria o livro e o assunto. Dele transparece uma outra imagem que não a do "héroi nacional" que "trata por tu os principais lideres europeus" e lhes pode "telefonar a qualquer hora". Dinheiros para financiamento partidario vindos tanto da CIA como de Khadaffi como de magnatas. O político birrento que gere o estado dentro do estado num esquema de empresas e fundações. Infelizmente esta será uma triste realidade de quem sempre tudo fez para chegar ao trono, mas sempre sem se preocupar com os seus súbditos. E hoje Portugal paga a factura da abundância de homens-políticos e da falta de homens de estado.

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