"(...)É evidente o movimento de concentração urbana, que já não pode obedecer à sementeira de povoados que obedecia à jeira, isto é, à distância que se podia percorrer em cada dia de trabalho, com a lentidão do carro de bois e do burro de carga. Mas extinguir escolas, postos de saúde, serviços de urgência, com lógica que frequentemente parece de pequenas e médias empresas, não apenas esquece que os homens não são números, como esquece a relação de pertença dos homens com a terra e impulsiona a imigração e a desertificação, porque reduz o território a um passado sem futuro.
Os simples critérios de gestão e de retribuição ao investimento não são imperativos, quando o valor histórico e cultural dos territórios, a sua relação de pertença com a identidade dos povos e o humanismo solidário a respeito de todos os habitantes não cabem nos modelos sem contextualização que aqueles utilizam.
Não é de teologia de mercado que se trata: é da relação de pertença entre população e território. O Estado tem seguramente de medir a relação entre capacidades e objectivos: para isso é melhor não confundir racionalização com desistência."
Adriano Moreira, Diário de Notícias 11-03-2008
Link: http://dn.sapo.pt/2008/03/11/opiniao/entre_a_racionalizacao_desistencia.html
11/03/2008
Interioridade: Racionalização ou Desistência?
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