Dez anos depois, A Cartilha está de volta.

04/02/2010

Roubini e o Sul da Europa

«A Grécia há muito tempo que estava à beira do desastre, em virtude do seu elevado défice público e da fraca competitividade do país. Mas não está sozinha no meio de tudo isto. Da resolução dos problemas deste país depende também o futuro dos seus vizinhos, da zona euro e talvez da própria União Europeia.

O excesso de burocracia e a rigidez no mercado laboral e nos mercados de produtos e serviços desencorajaram entretanto o investimento em sectores de forte valor acrescentado, isto apesar dos seus salários se situarem muito abaixo da média da UE. A mistura explosiva de grandes défices de contas correntes e orçamentais daí resultante conduziria a um aumento da dívida externa. A forte subida do euro em 2008-09 veio agravar ainda mais estes problemas.

Um plano de austeridade credível reporia a solidariedade para com as economias da UE actualmente a proceder a ajustamentos, ajudaria a melhorar a retórica do Banco Central Europeu e dos principais estados membros e voltaria a colocar os spreads das obrigações gregas em patamares mais realistas. Esta abordagem está a funcionar na Irlanda - os spreads explodiram quando a dívida pública explodiu para salvar os seus bancos, mas voltaram ao nível normal no seguimento de cortes na ordem dos 20% despesa. Mas isto não é tarefa fácil: há uma década que Portugal, por exemplo, está em desinflação, de modo a poder reforçar a sua competitividade. E está na altura de tomar medicação de efeito rápido.

Portugal precisa urgentemente de reformas estruturais para repor o dinamismo económico e a sua saúde orçamental.»


Nouriel Roubini, Diário Económico

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