Dez anos depois, A Cartilha está de volta.

01/05/2010

Rui Ramos em Entrevista

Revisionismo

«Toda a História é revisionista, é por isso que vale a pena escrever História. A História é uma revisão das lendas e do que nós julgamos saber. Nós julgamos saber algumas coisas, ouvimos, julgamos que aprendemos na escola e a história documental, que é baseada nos documentos e na reflexão sobre os documentos, é uma revisão disso mesmo, é uma crítica e uma revisão. Quando me pergunta se sou um historiador revisionista, respondo: sou um historiador, logo um revisionista.»

Centenário da República

«aquilo tornou-se historicamente discreto a partir do momento em que se percebeu que a I República não tinha nada que ver com a democracia e isso cortou as pernas à comemoração que está reduzida a actividades académicas, mas em termos públicos creio que passou. O regime percebeu que não se pode identificar com um regime repressivo, antidemocrático, anti-feminista, colonialista e, por outro lado, a crise actual não dá para grandes festejos. E essa comemoração está muito longe... ninguém está a reparar. Neste momento são só os historiadores que falam nisso e ainda bem.»

Ensino

«As novas gerações têm um problema que está para além do interesse pela História. Há essa procura que esbarra com a História que é ensinada nas escolas, que não tem que ver com nada. É a História como era há 30 anos, uma História estrutural em que não há pessoas, não há sociedade, é abstracta. Ninguém interessa. Há aquela abstracção mais ou menos marxista.»

Futuro

«Este país não é para jovens, os empregos são reservados para os mais velhos. Quem é jovem em Portugal hoje em dia, quem tiver 15, 18 ou 19 anos, a sensação que terá é que chegou no fim da festa e vê os mais velhos a guardar as garrafas de champagne e os restos dos cocktails e dos bolos, há fitas pelo chão, mas a festa acabou.»

Rui Ramos, Jornal i, 01-V-010

1 comentário:

Sebastião Batalha disse...

Tiro o meu chapéu, desta vez falou bem. Em especial na última parte, relativamente ao desemprego jovem.

Honra lhe seja feita, mesmo não gostando do timbre pseudo-erudito do senhor:)